Em nossa disciplina estaremos nos próximos encontros discutindo algumas das principais abordagens da Psicologia e de que maneira elas contribuem para a prática educativa. A primeira abordagem que estudaremos é a chamada por muitos de "behaviorismo". Para esclarecer do que se trata, vamos ler o texto abaixo.
O que é o Behaviorismo?
Antes de mais nada, é importante dizer que o behaviorismo não é, em si, parte da Psicologia (que já sabemos ser uma ciência). É, sim, uma filosofîa: questiona, interroga, propõe alguns problemas a serem respondidos. Esta filosofia é que fundamenta a Ciência do Comportamento, ou, Análise do Comportamento. Na literatura, vamos às vezes encontrar vários nomes: designando equivocadamente a mesma coisa. Outras vezes as nomenclaturas estarão diferenciadas.
O nome "behaviorismo" vem da palavra em inglês behavior, que significa "comportamento"; é por isso que alguns autores usam o nome em português, "comportamentalismo". E é exatamente este o objeto de estudo deste campo do conhecimento: o comportamento humano. Teve início com John Watson, o autor do Behaviorismo Metodológico, que se propunha a analisar apenas os comportamentos observáveis, afirmando que haviam sim atos mentais, mas que eram inacessíveis. Foi com o americano B.F. Skinner que surgiu o Behaviorismo Radical, trazendo a proposta de acessar a raiz dos fenômenos humanos, como vamos entender logo abaixo.
De acordo com o Behaviorismo Radical, o chamado comportamento operante é definido como "a relação entre tudo o que os organismos fazem e o ambiente em que o fazem", ou seja, toda influência do mundo nas ações das pessoas e, ao mesmo tempo, as mudanças que estas ações provocam no mundo. Esse mundo em que agimos, em que operamos (daí vem o nome, "operante") inclui a natureza, os ambientes externos, os objetos (mesas, cadeiras, computadores...), e até mesmo o mundo dentro da nossa pele - nosso próprio corpo!
Vamos analisar um exemplo bem simples? Lá vai:
Imaginemos que você esteja com bastante fome. Trata-se de um aviso que o seu organismo lhe dá, dizendo que está precisando de nutrientes e energia para continuar funcionando. Podemos até fazer uma lista de sensações bem conhecidas: estômago roncando, salivação na boca, leve fraqueza e outras manifestações do seu corpo, que vamos chamar de ambiente. Diante disto, nada mais natural que você tentar modificar este ambiente (corpo com fome), não é mesmo? Para isso, a sua resposta provavelmente será comer. Pode ser de várias formas: indo a um delicioso restaurante, colhendo uma fruta no pé ou comprando um lanchinho na cantina mais próxima, não importa: vale tudo para ter como consequência a sua fome saciada.
Fica mais fácil se organizarmos estas informações num quadro, veja:
Os princípios do behaviorismo radical são simples: na raiz de todo fenômeno humano (cultura, emoções, relacionamentos, sonhos, ensino e aprendizagem etc) está o processo onde as ações do homem são determinadas pelo ambiente dentro e fora da pele ao mesmo tempo em que o determinam.
Além disso, toda ação no mundo produz alguns efeitos que aumentam ou diminuem a probabilidade de que aquele comportamento volte a acontecer. Se para saciar sua fome você decide tirar do armário aquele velho pacote de biscoitos e ao provar descobre que estão estragados, vai ser bem mais difícil que recorra aos biscoitos da próxima vez que sentir fome. Ou pelo menos àqueles biscoitos, guardados naquele armário. Esta é a base para o fenômeno do ensino-aprendizagem, que discutiremos melhor num outro post deste blog.
E apesar do exemplo acima talvez não deixar tão claro, vamos lembrar do mais importante: a antiga noção de causalidade (uma causa para um efeito) é substituída pela noção de muitos determinantes: tudo o que está no mundo tem algum grau de influência no comportamento.
... E o que é então a Análise do Comportamento?
Assim, a tarefa da ciência psicológica chamada Análise do Comportamento é estudar a fundo cada componente desta relação. Por exemplo: no caso acima, há quanto tempo você estava sem comer? O que você havia feito até então, desde que acordou? E quanto à resposta, "comer", de que maneira ela se deu? Onde, como, com que velocidade, em que quantidade e que tipo de alimento comeu? Etc.
A Análise do Comportamento investiga as respostas para todas estas perguntas e nos leva a fazer muitas outras, quando estamos olhando para diversos contextos – inclusive o das salas de aula, que é o que nos interessa.
O fundamental é conseguir enxergar como as ações daquele grupo de pessoas, você e os alunos, interferem entre si e transformam o ambiente dentro e fora da sala de aula.
Agora é partir para a discussão!
Até a próxima!
Até a próxima!
Autor: Fabio Henrique Medeiros Bogo
Fonte: SKINNER, B.F. Sobre o Behaviorismo. São Paulo: Cultrix, 2006.
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