Olá pessoal!
Damos continuidade à publicação dos textos que foram utilizados nas aulas em que tematizamos o Behaviorismo.
Bom proveito!
Universidade Federal de Santa Catarina - PIBID Psicologia 2011
Escola Aníbal Nunes Pires – Magistério - Psicologia da Educação
Unidade II: A Psicologia e sua Relação com a Educação:
As principais teorias e contribuições aos processos de ensinar e aprender:
BEHAVIORISMO/ Comportamentalismo
Encontro II:
Objetivo: Identificar as relações de controle do comportamento e pensar em exemplos de sala de aula.
Vamos relembrar o que descobrimos no último encontro?
Nós pudemos conhecer a contribuição do Behaviorismo/Comportamentalismo para a Psicologia com sua noção científica de comportamento que difere um pouco do conceito que costumamos usar no senso comum.
Como vimos, a noção científica de comportamento não se limita ao que o organismo faz, mas inclui as relações que esse fazer do organismo estabelece com o que ocorre antes e depois desse fazer. Já vimos a representação dessas relações nas setas presentes no quadro a seguir:
- Situação antecedenteAçãoSituação Consequente(Aquilo que acontece antes, ou ao mesmo tempo, que o organismo age)(Aquilo que o organismo faz)(Aquilo que acontece depois da ação do organismo)
Quadro 1. Os componentes do comportamento e as relações que estabelecem entre si.
São essas relações entre os componentes do comportamento que estabelecem a probabilidade de um comportamento se repetir ou não. Como essas relações controlam comportamentos futuros é o que iremos estudar hoje.
Imaginem a seguinte situação em sala de aula:
Um aluno (Joãozinho) está fazendo um desenho de uma casa e ao pintá-la toma cuidado para não sair dos contornos, a professora vê seu desenho e o elogia. Nesta situação podemos identificar que o que a criança fez foi valorizado pela professora que pode ter dito satisfeita: “muito bem”, Joãozinho que gosta muito da professora fica feliz por ter recebido o elogio. O que será que Joãozinho fará da próxima vez que for pintar um desenho?
Do mesmo modo imaginem se em uma outra situação Joãozinho for na frente da turma explicar o que ele aprendeu numa pequisa em que se dedicou muito e os colegas rirem dele. O que será que Joãozinho irá fazer numa nova vez que tiver que ir até a frente contar para a turma sobre algo que fez?
É importante lembrarmos que essas situações são simplificações do que ocorre na vida real, apenas para facilitar nosso entendimento, nas situações reais provavelmente há muitas outros fatores envolvidos. E não será apenas um deles que irá determinar tudo o que a criança fará. Hoje, iremos estudar os tipos de relação que que podem acontecer entre a ação de um organismo e as consequências dessa ação. Essas relações são importantes também para verificarmos como o que fazemos diante das ações de um estudante pode, sim, modificar o que ele fará!
Um dos principais tipo de relações operantes (as relações entre ações e consequências) são as relações de reforço. Essas são relações, que quando acontecem, aumentam a probabilidade de em situações semelhantes o comportamento se repetir. Um exemplo pode tornar mais claro:
Mariazinha saiu da escola, nesta manhã de segunda-feira, morrendo de fome. Foi para sua casa e tinha almoço. Mariazinha almoçou e foi fazer suas atividades. Nessa situação, o almoço foi um elemento gratificante para Mariazinha, e portanto, podemos pensar que em situações semelhantes, em que ela sinta fome, ela coma.
- Situação AntecedenteAçãoSituação ConsequenteMariazinha com fomeComerSaciaçãoAumento da probabilidade de comer quando tiver fome
Nessa situação o comportamento de comer é reforçado, ou seja, é provável que ele volte a acontecer. Qualquer comportamento pode ser reforçado dependendo da relação estabelecida entre ação e consequência. Vocês conseguem pensar em algumas situações de sala de aula em que isso aconteça?
Agora vamos pensar em um exemplo de algo que o aluno faz mas que queremos que ele deixe de fazer!
Quando uma criança faz “bagunça” (grita, joga objetos....) durante a fala de um outro colega em sala de aula, queremos que ele pare de fazer isso, correto? Se o punirmos, por exemplo com a retirada do seu momento de pátio (o recreio), talvez ele pare naquele momento de fazer o que esta fazendo, mas também é possível que dentro de pouco tempo ele repita o mesmo comportamento. Porque isso ocorre?
As relações de punição são outro tipo de relação operante. Essas relações, explica o comportamentalismo, apenas suprimem a apresentação de uma ação, enquanto o elemento punidor se mantém presente. Isso quer dizer que o comportamento “indesejado” desaparece apenas na presença daquilo que o pune, e pode voltar a aparecer na sua ausência.
Outras consequências da punição, dependendo da sua intensidade, podem ser o aumento da ansiedade do aluno, entre outras consequências que podem causar seu sofrimento. Lembrem do exemplo de Joãozinho apresentando o trabalho enquanto seus colegas riam dele. Como ele deve ter se sentido?
Além disso ao apenas punirmos nossos alunos provavelmente estamos lhes ensinado a seguir ordens, mas pouco fazemos para lhe ensinar aquilo que parece importante mudar.
Já discutimos bastante a respeito de como as consequências que damos ao comportamento de nossos estudantes podem modificar o que ele fará futuramente. Vocês podem pensar em situações de sala de aula em que o reforço e a punição ocorrem?
Vamos, agora, discutir um exemplo e avaliar juntos o que entendemos!
Tiago é o aluno bagunceiro da turma, a professora chama sua atenção o tempo todo: “Tiago senta na carteira”; “Tiago não incomoda o coleguinha”; “Tiago na janela, não, Tiago”; “Tiago para de correr”; “Tiago não faz xixi na lixeira”; “Tiago não bate na menina”; “Tiago, não joga bolinha no pessoal”, “Tiago...”. A professora não sabe mais o que fazer para diminuir o comportamento de “bagunçar” de Tiago, ela diz já ter feito tudo que podia, mas ele não a obedece. O que vocês dariam de sugestão para essa professora, tendo em vista o que descobrimos hoje? Discutam no pequeno grupo e registrem individualmente para entregar!
Registrem, também, todas as dúvidas, colocações, pontos que acharem mais importantes. Esse material vai nos ajudar muito para nos prepararmos para o próximo encontro! Esperamos que o debate tenha sido proveitoso.
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