Texto: Jean Piaget

ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA - ANIBAL NUNES PIRES
Curso: Magistério – Educação Infantil e Séries Iniciais
Disciplina : Fundamentos Teóricos e Metodológicos de Psicologia da Educação – 3ª série       Ano: 2011.2
Professora: Daíse Ondina de Campos                      e-mail: daiseocampos@uol.com.br
Estagiária: Mônica Santini de Oliveira  Doki, Ivana Lauffer. e-mail: monicadoki@gmail.com/ nanalauffer@gmail.com


A Teoria Construtivista de JEAN WILLIAM FRITZ PIAGET.
            Nasceu no dia 9 de agosto de 1896, em Neuchâtel, na Suiça. Sua inserção acadêmica foi através da Biologia, sendo um menino prodígio publicou aos 11 anos nesta área do saber um trabalho de observação que realizou sobre um pardal albino; foi diplomado Doutor em Biologia aos 22 anos. Estudou ainda Filosofia e Psicologia. Casou-se em 1923, teve três filhas, as quais lhe serviram de fontes para estudos e observação. Lecionou em diversas universidades Européias. Escreveu mais de 70 livros e centenas de trabalhos científicos. Morreu em Genebra, em 17 de setembro de 1980.
            O que Piaget se propôs a estudar foi como se desenvolve a construção do conhecimento (inteligência) no ser humano, tendo como objetivo central, entender como o conhecimento evolui. Para explicar o desenvolvimento do ser humano, dispõe de dois princípios básicos: adaptação e organização. Partiu da ideia que as interações com o mundo são atos de adaptação ao meio e os conhecimentos adquiridos através destas interações são organizados através de esquemas. Piaget enxerga o desenvolvimento da criança como sendo uma evolução gradativa que se dá a partir de interações com o mundo e o aprendizado é um processo gradual no qual a criança vai se capacitando em níveis cada vez mais complexos do conhecimento, seguindo uma sequência lógica.
Em outras palavras “o desenvolvimento pode ser definido como uma equilibração progressiva, uma passagem contínua de um estado de menor equilíbrio para um estado de equilíbrio superior” (Piaget, 1997, p. 13). No que se refere ao desenvolvimento mental Piaget (1997) compara a construção de um grande prédio que começa com a fundação, e deve ter uma boa fundação para que suporte os alicerces e a construção das paredes e de todo o restante do prédio. Quanto mais sólidos e estáveis forem as etapas anteriores mais fácil será a equilibração no próximo estágio.
A Construção do conhecimento ocorre quando acontecem ações físicas ou mentais sobre objetos que, provocando o desequilíbrio, resultam em assimilação e acomodação dessas ações e, assim, em construção de esquemas ou de conhecimento.
Assimilação é o processo cognitivo de colocar (classificar) novos eventos em esquemas existentes. É a incorporação de elementos do meio externo (objeto, acontecimento,etc.) a um esquema ou estrutura que o sujeito já possui, ou seja, é o processo pelo qual o indivíduo cognitivamente capta o ambiente e o organiza possibilitando, assim, a ampliação de seus esquemas.
Acomodação é a modificação de um esquema ou de uma estrutura mental antiga em função das particularidades do objeto a ser assimilado. O indivíduo cria um novo esquema no qual se possa encaixar o novo estímulo, ou modificar um já existente de modo que o estímulo possa ser incluído. O balanço entre assimilação e acomodação é chamado de adaptação.
Equilibração diante de uma situação desconhecida (conflito), o indivíduo fica em desequilíbrio.  Equilibração é o processo pelo qual por meio da assimilação e da acomodação o indivíduo pode superar a situação desconhecida – conflito - retomando seu equilíbrio. É um processo dinâmico.
Além de realizar estudos e observações com suas próprias filhas, realizou muitos estudos com outras crianças, propondo situações para que elas resolvessem, anotando todo o dialogo do interventor e as respostas, hipóteses ou qualquer comentário que as crianças emitissem. Piaget percebeu que as crianças com a mesma faixa etária cometiam os mesmos erros nas resoluções dos problemas.
             Então depois de muito estudo Piaget (1997) descreve as características apresentadas pelas crianças em cada estágio do desenvolvimento. Logo ao nascer o bebê exerce uma inteligência de fundo hereditário, poderíamos chamar de inata, que está relacionada diretamente com a sobrevivência (sucção). Neste estágio a inteligência se desenvolve a partir das experiências sensório–motoras vivenciadas pela criança. Vamos destacar mais duas características deste estágio: a noção de Permanência do objeto e causalidade. Piaget afirma que o bebê ao nascer não tem a noção de que mesmo quando o “objeto” não está mais em seu campo visão ele continue existindo, e somente a partir de um ano de idade vai desenvolver está capacidade. O Bebê atribui aos acontecimentos uma causalidade “mágica”. Por exemplo: ao ficar de pé no berço a luz se acende, ele atribui o fato de a luz acender ao ato de ficar de pé. A este estágio Piaget chamou de Sensório-motor que vai do nascimento até 2 anos.
            Após os dois anos a característica mais marcante é a aquisição da linguagem, abrindo um mundo de possibilidades para a criança. Ela está centrada em si, a essa característica Piaget denominou de egocentrismo, que também caracteriza a impossibilidade da criança de compreender o ponto de vista do outro e também a não necessidade de justificar o próprio ponto de vista, visto que a criança acredita que o outro pensa e entende igualmente como ela. Usa a percepção para fazer julgamentos, tende a centrar a sua atenção em um traço do objeto, desprezado os demais (centração). O pensamento da criança neste estágio é estático e imóvel, impossibilitando a criança de acompanhar transformações progressivas sofridas pelo objeto, e se ela não consegue acompanhar as transformações logicamente não tem noção de que é possível fazer o processo inverso numa dada situação (irreversibilidade). Não aceita a ideia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos "por quês"). Estas características estão presentes nas crianças entre 2 e 7 anos – estágio Pré-operatório.  ANIMISTA     
            A reversibilidade se refere à habilidade de realizar mentalmente ações opostas simultaneamente. Capacidade de compreensão mental de que é possível desfazer o processo em determinadas situações.
            No estágio Operatório Concreto (7 – 11 anos) A criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, já sendo capaz de relacionar diferentes aspectos ou propriedades de um mesmo objeto e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar à abstração. Neste estágio desenvolve esquemas mentais que a possibilitam representar mentalmente a reversibilidade das ações. Já é capaz de se socializar.
O último estágio do desenvolvimento denominado por Piaget de Operatório Formal (12 anos em diante). O desenvolvimento da capacidade mental atinge seu auge, a representação agora permite a abstração total. A criança não se limita mais a representação imediata nem somente às relações previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente buscando soluções a partir de puras hipóteses e não apenas pela observação da realidade. Por Exemplos: Se for solicitado que analise o provérbio "de grão em grão, a galinha enche o papo", a criança trabalha com a lógica da idéia (metáfora) e não com a imagem de uma galinha comendo grãos.

Para Piaget o Desenvolvimento Moral é dividido em 3 fases:

·         Anomia -Ausência de respeito a normas.
·         Heteronomia - obediência à autoridade
·         Autonomia – conseguir distinguir por si mesmo própria, certo e errado.

No que se refere à educação moral, Piaget diz que tanto as relações de coação como as de cooperação são importantes. Num primeiro momento, a coação se faz necessária para que a criança conheça as regras e tenha noções sobre o bem e o mal, o certo e o errado. Ninguém pode formular concepções acerca de algo que não conhece. É necessário e inevitável, pois, uma primeira fase de heteronomia, de obediência à autoridade, para que, depois, o espírito de cooperação possa ser construído, através do respeito mútuo e da reciprocidade. O grande perigo e o que freqüentemente acontece, é que essa coação estende-se por muito mais tempo que o necessário, prejudicando assim a queda do egocentrismo, o exercício da cooperação, a capacidade de reciprocidade e, conseqüentemente, a construção da autonomia.
O objetivo da educação moral, é auxiliar a criança à construir sua autonomia.
O raciocínio lógico-matemático
O raciocínio lógico-matemático é uma das áreas de pesquisas e reflexões de Jean Piaget e trata-se da relação lógica da criança com o meio. Na construção das estruturas da inteligência, o meio desempenha um importante papel pelas condições que oferece a partir do nascimento, e que são essenciais não só no que diz respeito ao ritmo, como também ao acabamento das construções intelectuais que prolongam as construções orgânicas.
O conhecimento lógico-matemático acontece quando o individuo cria uma relação mental entre dois objetos, comparando entre eles as diferenças e semelhanças. Já o conhecimento físico é o conhecimento dos objetos da realidade externa.
De acordo com Piaget, a noção de número é formado a partir de esquemas de conhecimento lógico-matemático e envolve três conceitos básicos: O de conservação, ou seja, a compreensão de que a quantidade permanece a mesma, ainda quando sua aparência é modificada (invariância do número); o de seriação, isto é, a compreensão de uma ordem implícita nas relações entre os elementos (os números também são organizados em ordem: ex. primeiro, segundo, terceiro, quarto....); o de classificação, ou seja, a inclusão de um elemento numa classe mais ampla que o contenha, ex. um carrinho está na classe dos carrinhos, uma boneca na classe das bonecas, carrinhos e bonecas estão na classe dos brinquedos...(Em relação aos números o um está em dois, este está em três, por sua fez o três está em quatro...). Quando a criança ainda não tem a estrutura de número ela baseia seu julgamento no espaço, ou na percepção de fronteiras.
Como vimos à criança trás para a escola uma série de experiências vividas e se socializa e a partir delas, elabora suas hipóteses sobre o mundo e suas relações. E em muitas dessas relações o saber matemático está presente sem que a criança se dê conta disso. Cabe ao professor desenvolvê-las, criando situações que envolvam conceitos matemáticos. As atividades propostas deverão propiciar a criança situações para que ela pense, crie, e descubra como os conceitos matemáticos são utilizados na vida prática.
A educação infantil torna-se lugar onde os interesses e as necessidades, assim como, o tempo próprio de cada criança para a construção dos seus conceitos, devem ser percebidos, valorizados e instigados.
A Matemática, mais do que uma simples área do conhecimento, geralmente é um modo de pensar, e quanto mais cedo for trabalhada com crianças, mais cedo elas adquirirão bases sólidas para um aprendizado.


REFERÊNCIAS PARA APROFUNDAMENTO DO CONTEÚDO:

BOCK, Ana M. B.; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 12. ed. São Paulo (SP): Saraiva, 1999. 319p.

KAMII, Constance. A criança e o numero : implicações educacionais da teoria de Piaget para a atuação junto a escolares de 4 a 6 anos. 5. ed. Campinas: Papirus, [1986?]. 124p.

KAMII, Constance; DeCLARK, Georgia. Autonomia como finalidade da Educação (Segundo Piaget) cap 3, p.67-82 IN: Reinventando a Aritmética: Implicações da Teoria de Piaget. 8a Ed. Campinas/SP – Papirus, 1994

MACEDO, Lino de; et al. Jean Piaget: o aprendizado do mundo. Rev. VIVER Mente & Cérebro: Coleção Memórias da Pedagogia. n.1, 2005.

PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. Rio de Janeiro: Forense-Universitaria, 1967. 146p

http://picasaweb.google.com/educacao.infantil/DePiagetAFreud#

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